Isaac da Estrela (? - c. 1171), monge cisterciense
1.º Sermão para o 2.º domingo da Quaresma
Irmãos, chegou a hora de cada um de nós sair do seu pecado. Afastemo-nos da nossa Babilônia, para irmos ao encontro de Deus nosso Salvador, como nos advertiu o profeta: «Prepara-te, Israel, para o encontro com o teu Senhor, pois Ele vem!» (Am 4,12). Afastemo-nos do abismo do nosso pecado e aceitemos partir em direção ao Senhor, que assumiu «uma carne semelhante à do pecado» (Rom 8,3). Então encontraremos Cristo, Aquele mesmo que expiou o pecado que nunca cometera. Então, Aquele que salva os penitentes dar-nos-á a salvação, pois «Ele é misericordioso para com os que se convertem» (Sir 12,3).
Dir-me-eis: «Mas quem pode sair sozinho do pecado?» Sim, na verdade, o maior pecado é o desejo de pecar. Afasta-te, pois, desse desejo, odeia o pecado e eis-te livre dele. Se odiares o pecado, terás encontrado a Cristo, lá onde Ele Se encontra. A quem odeia o pecado Cristo perdoa as faltas, esperando erradicar os nossos maus hábitos.
Mas dizeis que mesmo isso é muito para vós e que, sem a graça de Deus, é impossível o homem odiar o seu pecado e desejar a justiça. «Que o Senhor seja louvado pela sua misericórdia, pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens!» (Sl 106,8). [...] Ó Senhor de mão poderosa, Jesus omnipotente, vem libertar a minha razão cativa do demónio da ignorância e arrancar da minha vontade doente a peste das suas ambições. Liberta as minhas capacidades, a fim de que eu possa agir com força, como desejo de todo o meu coração.