terça-feira, 24 de novembro de 2015

Salmo 48(49)


Ouvi isto, povos todos do universo, 
muita atenção, ó habitantes deste mundo;

 poderosos e humildes, escutai-me,  
ricos e pobres, todos juntos, sede atentos! 


 Minha boca vai dizer palavras sábias,  
que meditei no coração profundamente; 
 e inclinando meus ouvidos às parábolas,  
decifrarei ao som da harpa o meu enigma: 

 Por que temer os dias maus e infelizes,  
quando a malícia dos perversos me circunda? 
 Por que temer os que confiam nas riquezas  
e se gloriam na abundância de seus bens? 

 Ninguém se livra de sua morte por dinheiro  
nem a Deus pode pagar o seu resgate. 
 A isenção da própria morte não tem preço;  
não há riqueza que a possa adquirir, 
 nem dar ao homem uma vida sem limites  
e garantir-lhe uma existência imortal. 

-- Morrem os sábios e os ricos igualmente;  
morrem os loucos e também os insensatos,  
e deixam tudo o que possuem aos estranhos; 
-- os seus sepulcros serão sempre as suas casas,  
suas moradas através das gerações,  
mesmo se deram o seu nome a muitas terras. 

 Não dura muito o homem rico e poderoso;  
é semelhante ao gado gordo que se abate.

 Este é o fim do que espera estultamente,  
o fim daqueles que se alegram com sua sorte; 
-- são um rebanho recolhido ao cemitério, 
e a própria morte é o pastor que os apascenta; 
são empurrados e deslizam para o abismo. 

– Logo seu corpo e seu semblante se desfazem,  
e entre os mortos fixarão sua morada. 
 Deus, porém, me salvará das mãos da morte  
e junto a si me tomará em suas mãos. 

 Não te inquietes, quando um homem fica rico  
e aumenta a opulência de sua casa; 
 pois ao morrer não levará nada consigo,  
nem seu prestígio poderá acompanhá-lo. 

 Felicitava-se a si mesmo enquanto vivo:  
‘Todos te aplaudem, tudo bem, isto que é vida!’ 
 Mas vai-se ele para junto de seus pais,  
que nunca mais e nunca mais verão a luz! 

 Não dura muito o homem rico e poderoso:  
é semelhante ao gado gordo que se abate.

Antonio de Pereda. "O sonho do cavaleiro" (1638)


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